UM TIPO DE PARCERIA QUE PODE VIRAR MODA
Financiado por uma grife de roupas, o projeto Flor de Sal lança disco e singles e faz shows pelo país; seu criador, Micael Amarante, fala sobre o processo e ressalta: a independência criativa foi mantida
Do Rio
Foto de Carol Wehrs
Ano novo, mente musical fora da caixa. As possibilidades de financiamento e parcerias entre criadores e marcas são tantas que, às vezes, podem derivar em verdadeiras sinergias. Um caso concreto é o do projeto Flor de Sal, criado por Micael Amarante, do Mohandas, e Karina Zeviani para a grife carioca de moda Farm. Um CD de dez músicas e cinco singles já foram lançados, uma série de shows ocorreu país afora, e as canções, claro, já foram parar em desfiles e vídeos institucionais da marca. Para Amarante, trata-se de uma forma mais do que possível de pôr em pé um projeto. Como ele conta nesta entrevista com o site da UBC, tudo surgiu de modo orgânico, e manteve-se a independência criativa e estética total durante o processo.
Como surgiu a oportunidade de criar uma banda ligada a uma marca de roupas?
O Mohandas já havia participado de inúmeros desfiles e materiais da Farm no passado. Então, já existia essa proximidade com a marca. Em fevereiro de 2017, lancei no (centro cultural carioca) Oi Futuro meu disco “LUZ”, que tinha a participação da Karina Zeviani. Eles (da Farm) gostaram dessa parceria, e combinamos de fazer algumas músicas para eles. Gostaram tanto que fizemos mais: virou um CD de 10 músicas, mais cinco singles e vários shows pelo país desde então. Nascia a banda Flor de Sal. Nosso último single se chama “Chave da Porta” e já está disponível para ouvir em todas as plataformas. Essa música fala de um lugar mágico e perfeito e de nossa vontade de entregar a chave deste local para o nosso amor.
O conceito partiu de vocês ou da marca?
A gente sugeriu falar das cores e ritmos do Brasil, cantar a beleza e também inserir alguns pontos pertinentes do mundo contemporâneo. Nossas músicas passeiam por forró, ijexá, samba, bossa nova,rockarnaval(palavra inventada por Rita Lee, uma de nossas musas)… E, apesar de sermos baseados no Rio de Janeiro, nosso som ecoa em vários cantos do Brasil. Nosso penúltimo single, “Borboleta”, percorreu o país, e recebemos vários vídeos de pessoas cantando em escolas primárias, escolas de musica, pintando ao som da música, até uma roda de mulheres no interior da Bahia já usou essa música como tema.
Não há um temor de que o projeto musical perca a espontaneidade quando associado a uma marca? Em outras palavras, ter a influência de outra instância decisória não pode tolher um pouco a criatividade?
No nosso caso, foi uma troca muito orgânica e fluida, pois já existia uma relação musical anterior. E, de qualquer maneira, a Farm é uma marca que faz coisas lindas, muito atentas para o lado artístico, com influências visuais muito ricas. Acho que em muitos momentos essa relação até aumentou a nossa criatividade.
Vê essa como uma forma interessante de financiamento para projetos artísticos?
Claro. Acho que existem várias maneiras de possibilitar a criação e a difusão musicais que devem ser exploradas.
Vocês têm algo mais nessa linha engatilhado para o futuro próximo?
Agora em janeiro, gravaremos o clipe para o single “Chave da Porta”, que vai ficar bem bonito, bem onírico, uma ideia de um paraíso do amor. Karina e eu estamos sempre compondo e criando material para Flor de Sal, e é muito legal quando pessoas mandam vídeos e fotos de nossas musicas em suas vidas. Já compusemos mais de 50 músicas juntos, e sempre há ideias para as próximas. Temos uma maneira muito divertida e criativa de compor, e em breve gravaremos mais músicas.
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